#01 Paixão e Método
A essência que move o design de aprendizagem
Quando comecei a escrever no LinkedIn, não imaginava que teria tanta repercussão. Até porque não sabia que existia uma comunidade de Designers Instrucionais e profissionais de Treinamento e Desenvolvimento tão engajada e na busca por conteúdo..
Pois bem, cá estou eu escrevendo e pensando no que foi e ainda é mais importante para quem trabalha com design de aprendizagem. É inevitável me vir à cabeça uma frase de um querido chefe que tive, o Orian Kubaski.
"Paixão e Método".
O Orian utilizava essa frase em outro contexto, falando de um público mais abrangente, mas ela ecoa na minha cabeça até hoje.
Paixão | o coração que move a aprendizagem
No contexto da aprendizagem, paixão é a essência daquilo que nos move enquanto aprendizes.
E, quando estamos do outro lado do balcão, desenhando a solução de aprendizagem, ela deve ser a força motriz para as nossas escolhas.
A neurociência confirma isso: emoções são gatilhos de memória, porque ativam sistemas dopaminérgicos no cérebro. É por isso que experiências carregadas de emoção são mais facilmente lembradas do que aquelas frias e técnicas.
Paixão sem método vira impulso. Método sem paixão vira burocracia.
Método | a estrutura que dá forma
Se a paixão é o coração, o método é o cérebro.
Ele organiza, guia e dá clareza ao processo.
Modelos como 6Ds, ADDIE, SAM ou Trahentem nos ajudam a criar esse caminho. Eles oferecem direções, etapas, checkpoints.
Mas aqui vai um ponto essencial:
Modelos não são dogmas, são bússolas.
É necessário revisar, adaptar e atualizar constantemente. O mundo muda, os aprendizes mudam, as empresas mudam. O que funcionava ontem pode não fazer sentido amanhã.
Eu por exemplo…
Gosto muito de trabalhar com os 6Ds, mas ao mesmo tempo utilizo alguns Canvas que aprendi lendo o livro da Flora Alves. No fim, faço um verdadeiro “bem bolado”, adaptando para cada contexto de criação aquilo que já experimentei e deu certo.
Afinal, somos arquitetos de aprendizagem, não engenheiros de obras prontas. O papel do arquiteto é olhar para o cenário, para as pessoas e para os objetivos, e então projetar algo que faça sentido.
Outro ponto importante e talvez pouco comentado é que muitos dos modelos que estudamos nasceram fora do Brasil. E nem sempre se adaptam com facilidade à nossa realidade.
A título de curiosidade, no livro A Horta, o Gustavo Brito traz uma informação relevante:
Ou seja, os modelos nasceram em culturas mais maduras em relação à aprendizagem. Aqui, o desafio é ainda maior e isso exige de nós flexibilidade, criatividade e sensibilidade. Falaremos mais sobre esse contraste em outra edição.
Por agora, vamos seguir reforçando a importância de ter um método como guia e bússola. Mas, além disso, precisamos incrementar uma pitada de atualidade: a Inteligência Artificial.
É fundamental que o Designer Instrucional esteja atento as mudanças.
E nesse cenário, a inteligência artificial já começa a ocupar espaço dentro dos frameworks tradicionais. Hoje, já falamos em ADGIE, um modelo que atualiza o ADDIE para incorporar a IA em cada etapa do processo.
Método na prática: frameworks que estruturam
Sem dúvida, quando falamos de método, falamos de estrutura. E ela está presente em diversos aspectos e microprocessos da criação de uma solução de aprendizagem.
Um exemplo claro é o uso de frameworks na prática.
Gosto de citar aqui os infográficos que crio: cada um deles nasce de uma estrutura desenhada previamente, que varia conforme o tipo de informação que vou trabalhar.
Quando quero comunicar dados comparativos, penso em infográficos de comparação.
Quando quero apresentar um processo, recorro a infográficos de etapas ou fluxos.
Quando o objetivo é chamar atenção para um conceito central, estruturo em torno de um infográfico de núcleo.
Ou seja: não é apenas estética, é método. É a estrutura que garante clareza, organização e impacto.
E veja bem, aqui estou falando de método de organização de um microprocesso, nem estou mais abordando o desenho de uma experiência completa.
Paixão ou Método isolados não sustentam a aprendizagem
Ter apenas paixão pela aprendizagem não é suficiente. Paixão sem método vira energia dispersa, esforço sem direção, entusiasmo que se perde no caminho.
Da mesma forma, pensar apenas em método e estrutura também não sustenta. Método sem paixão vira burocracia, rigidez, fórmulas prontas que não conectam com as pessoas.
O que realmente move o design de aprendizagem é a interseção entre paixão e método.
É a emoção que engaja, somada à estrutura que organiza. É o coração e o cérebro trabalhando juntos para dar sentido e clareza.
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